Toda Mãe Ama os Filhos?
- Bruna Januzzi Ilario
- Jun 7, 2016
- 3 min read

O melhor seria perguntar se todas as mães são iguais, pois é o que as seguintes frases populares levam a crer:
- Que mãe nunca lembrou o filho de levar o casaco?
- Todos sabem que é presságio de preocupação se a mãe chamar pelo nome completo.
- Coração de mãe não se engana.
De acordo com esta pequena amostra de frases geralmente atribuídas às mães, qualquer ser humano do sexo feminino que tenha um filho irá por esse nutrir amor inesgotável, preocupações diversas e cuidados extremos que podem ser identificados na forma de ficar brava e dar bronca nos filhos teimosos e desobedientes.
Só que não, o senso comum não está correto quando se trata deste assunto.
O assunto de hoje é verdadeiramente complexo, talvez um dos mais complexos existentes. Com toda a humildade possível, contarei um pouquinho do que apreendi sobre alguns conceitos, através de minha experiência clínica e teorias psicológicas sobre o importante vínculo entre mãe e filho/a e posso dizer que a complementaridade entre essas apreensões é impressionante de ser constatada.
Quem Nasceu Primeiro: o Ovo ou a Galinha?
Para ser uma boa mãe, a pessoa deve estabelecer uma ligação especial com seu bebê desde a época em que descobre que está grávida ou desde a época em que inicia o processo de adoção (que irá equivaler ao período de gestação até a criança ser entregue). Porém, para estabelecer essa ligação é necessário que também tenha existido uma ligação entre a mãe desse bebê e sua própria mãe (avó do bebê), ou seja, é necessário que a avó do bebê tenha sido uma boa mãe para a mãe do bebê. Complicado, né?
E mais! Não basta que a mamãe do bebê tenha vivenciado uma boa ligação com sua mãe no começo de sua vida. Também é necessário que o pai (biológico ou não) que está ao lado da mãe esteja REALMENTE ao lado da mãe e isso significa protegê-la de problemas externos que possam atrapalhar o vínculo com seu bebê, apoiá-la em relação às suas necessidades excepcionais desse período (que somente ela conhece - isso significa que o pai precisa acreditar e confiar nela) e não interferir na díade mãe-bebê, pois, a princípio, a mãe e o bebê são "um" e esse estado deve ser respeitado e preservado, pois não há sabedoria racional que ultrapasse a sabedoria natural e corporal da mãe - devido a essa união fundamental, ela irá sentir quais são as necessidades de seu filho e como supri-las. MAS, caso essa união não seja respeitada como "mais ou menos" escrevi aqui, a mãe perderá a ligação com a criança e, mesmo que se esforce, não agirá conforme as necessidades do bebê - é por meio de uma "união mãe-bebê suficientemente boa" que a criança crescerá e se desenvolverá de forma saudável.
Pois é, a mãe pode não ter tido uma boa mãe ou uma boa experiência de ter sido filha ou/e seu companheiro pode não ajudar ou até atrapalhar nesse processo. Além disso, se algum fator externo como morte de parente ou alguma calamidade pública afetar o psiquismo materno, pode ser que o vínculo mãe-bebê seja rompido ou alterado.
Tudo isso para demonstrar que nem toda mãe saberá do que seu filho precisa ou conseguirá transmitir seu amor para o mesmo.
Admitindo-se essas hipóteses, não podemos nos esquecer de que o amor é relativo a forma como cada um o sente ou percebe.
Esperança
O vínculo perdido pode ser resgatado em algum momento da vida e se transformar em uma relação saudável, principalmente com auxílio psicoterapêutico.
Nunca é tarde, mas quanto mais cedo melhor!
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